19 abril 2010

Amor que não cobra

O amor quando maduro não é menor em intensidade.
Ele é apenas silencioso.
Não é menor em extensão.
É mais definido colorido e poetizado.
Não carece de demonstrações.
Presenteia com a verdade do sentimento.
Não precisa de presenças exigidas.
Amplia-se com as ausências significativas.
O amor maduro tem e quer problemas, sim, como tudo.
Mas vive dos problemas da felicidade.
Problemas da felicidade são formas

trabalhosas de construir o bem, o prazer.
Problemas da infelicidade não interessam ao amor maduro.
Na felicidade está o encontro de peles,
o ficar com o gosto da boca e do cheiro do outro
está a compreensão antecipada,
a adivinhação, o presente de valor interior,
a emoção vivida em conjunto,
os discursos silenciosos da percepção,
o prazer de conviver, o equilíbrio entre carne e espírito.
O amor maduro é a valorização do melhor
do outro e a relação com a parte salva de cada pessoa.
Ele vive do que não morreu, mesmo tendo ficado
 para depois, vive do que jamais fermentou,
criando dimensões novas para sentimentos antigos,
 jardins abandonados, cheios de sementes.
Até o amor por Deus amadurece
 quando aprofunda e estende.
O amor, qualquer amor, quando
maduro, não pede, tem.
Não reivindica, consegue.
Não percebe, recebe.
Não exige, oferece.
Não pergunta, adivinha.
Existe, para fazer feliz.

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